segunda-feira, 26 de maio de 2008

Um fim para muitos começos.

Conversei com o Guilherme Darisbo no que descobri ser a última apresentação do Projeto Antena (ao menos por algum tempo). Por um lado é triste ver o fim de um grupo tão presente na cena musical de Porto Alegre. Ainda assim, tenho certeza que os integrantes vão continuar fazendo barulho por aí. Escrevi esta nota rápida por falta de tempo, em diferentes circunstâncias, acho que eles mereceriam muito mais. Vamos esperar para ver que novidades este fim vai trazer.

Para ver a despedida deles, é só entrar no site do Projeto Antena.



Felipe Faraco

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Cartaz: Música de PoA - segunda edição



Em breve estarão circulando os flyers e cartazes da segunda edição do Música de PoA. O evento, de periodicidade bimestral, tem a primeira apresentação marcada para o dia 28 de maio (semana que vem!). Comparecem!

Abraço,

Felipe.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Reflexões sobre educação musical nas escolas

O ponto de partida deste texto é uma discussão sobre educação musical que tive há uns anos atrás com um músico amigo. Na ocasião ele me assinalou o que considerava o maior defeito dos métodos empregados para desenvolver um trabalho de musicalização infantil. A impressão dessa conversa ficou gravada para sempre e me mostrou um caminho a seguir.

Há quem considere que ensinar música ou disciplinas artísticas não é necessário, que deveria ser considerada uma disciplina complementar e não obrigatória. Mas eu não pretendo entrar nessa discussão, deixo para o amigo a função de ler os incontáveis textos que filósofos e educadores tem escrito desde os tempos de Platão e Aristóteles até hoje. Feito isso tire suas próprias conclusões.

O que me leva a escrever este texto são os métodos usados para ensinar música nas escolas. Que coisas ficaram do meu estudo de matemática? As coisas que eu uso no dia-a-dia. Imagino que para quem não vai fazer da música uma profissão e um estilo de vida o ensino tem que ter uma função prática similar. E a nossa maior prática musical é ouvir música.

A discussão referida no início tratava sobre a inutilidade de mandar toda uma turminha de anjos comprar uma inocente flauta doce. Quando o professor se depara com a turma, quarenta crianças enlouquecidas na pesquisa mais empírica de multifônicos...não há ouvido que agüente! De quê serve esse gasto de dinheiro? (Fica claro para o leitor que eu não tenho uma loja de venda de instrumentos musicais.)

Eu não quero negar o mérito de alguns professores que conseguem tirar leite das pedras e fazem um trabalho interessante. Mas dessas quarenta crianças, dificilmente duas continuem tocando passados dois anos. Algumas só vão lembrar do fato quando fizerem 90 anos...

O interesse pelo estudo de música começa sempre pela audição. Dou aula de música há anos em escolas, conservatórios, oficinas, projetos sociais e nunca vi alguém chegar sem uma mínima idéia de que tipo de música pretende interpretar. Então vamos iniciar o estudo de música ouvindo música, fazendo da audição de música um momento de introspecção, um momento de auto-conhecimento, um momento de descoberta do mundo. Ouvir é reconhecer que o silêncio não existe, é reconhecer fontes sonoras, descobrir que o som é produto de fenômenos acústicos e que depende muito do ambiente onde se propaga.

Adoro escutar música com meu amigo Diogo de Haro, mestre em piano pela UFRGS. Ele aperta o play. Se alguém fala alguma coisa ele aperta pause. A pessoa fala. Ele escuta. Terminado o comentário, ele coloca play de novo. Ele não escuta música enquanto se fala. Tanto a fala quanto a música viram uma coisa supérflua. Isto é algo que os professores de música podiam fazer. Isto seria saudável. A música ficou banalizada quando apareceu o aparelho de som. Posso ter música a toda hora então nunca presto atenção.

Para concluir queria apontar caminhos para esse trabalho de educação musical através da audição. A uns anos atrás assisti apavorado à dificuldade de uma aluna universitária de música (bacharelado em piano) que confundia os timbres do oboé e do clarinete. Era desesperador. Porque se uma pessoa que está estudando em uma universidade não consegue essa ‘façanha’ que podemos esperar do público leigo.

Por outro lado, a uns dias atrás fui visitar minha família. Festa de Natal. Presentes. Minha mãe comprou para minha sobrinha de cinco anos “Pedro e o lobo”, filme de Walt Disney. O filme é uma leitura visual da obra homônima do compositor russo Serguei Prokofiev. Basicamente é um conto de um menino camponês que decide caçar um lobo. O interessante é que cada personagem está associado a um instrumento: o pato é o oboé, o gato é o clarinete, o passarinho é a flauta, o avô é o fagote e assim por diante. Umas poucas horas depois de assistir o filme fui mostrar uma peça para oboé para minha mãe. Minha sobrinha parou no meio da sala e perguntou: “-Que está acontecendo com o pato?”

Marcelo Villena - Músico