domingo, 29 de maio de 2011

Programação da Primeira temporada do Música de PoA 2011

Música de PoA 2011 - Primeira temporada:


CONCERTOS:


Concerto 1 – experimentos (07 de junho de 2011) 19h30min

Adolfo Almeida Jr. e Alexandre Fritzen da Rocha
“Improviso Livre”
(fagote: Adolfo Almeida Jr.; piano: Alexandre Fritzen da Rocha)

Felipe Faraco
“Deselegâncias”
(intérpretes: Alexandre Fritzen da Rocha e Nativo Hoffmann Filho)

Rodrigo Siervo
“Sax Solla – Impro 1”
(saxofone: Rodrigo Siervo)

>> FF
“Improviso Livre”
(piano: Alexandre Fritzen da Rocha; baixo elétrico: Felipe Faraco)

Germán Gras
“Tozz”
(flauta transversal: Rodrigo de Azevedo Carraro; clarinete: Germán Enrique Gras; viola: Gabriel Polycarpo; violoncelo: Marta Brietzke; regência: Lucas Alves)
Duo HoffParú

“Improviso Livre”
(violões: Nativo Hoffmann Filho, Nanã Parú)




Concerto 2 – câmara (14 de junho de 2011) 19h30min

Alexandre Fritzen da Rocha
“Moya”
(escaleta e computador: Alexandre Fritzen da Rocha)

Lauro Pecktor
“...do espelho II”
“...do espelho III”
“...do espelho IV”
(piano: Maria Benincá)

Germán Gras
“Peça para Marta”
(violoncelo: Marta Brietske)

Felipe Faraco
“Vítima Habitual”
(piano: Alexandre Fritzen da Rocha)

Rodrigo Meine
“3 Imagens para violão solo”
- I. Emerië
- II. Durthang
- III. Bruinen
(violão: Fernando Fleck de Oliveira)

Nativo Hoffmann Filho
“Esboço”
(violão: Nativo Hoffmann Filho)

Henrique Mombach
“Rondó Brasileiro” (2010)
(violas: Gabriel Policarpo e Vinícius Diniz; violoncelos: Gabriela Bock e Lucas Duarte)




Concerto 3 – limiar (21 de junho de 2011) 19h30min

Gaspar Caon
“Prelúdio Fantasia, Op.2”
“Ragtime da Bengalinha, Op.6”
(piano: Gaspar Caon)

Cuca Medina
Canções Platinas:
“Tristonhas Pedras”
“Sessão”
“O Instante e o Nervo”
(piano e voz: Cuca Medina; saxofone: Jesiel Pinheiro; guitarra: Luis Gubert; baixo: Felipe Faraco)

Rodrigo Siervo
“Circo Vazio”
“Por Volta das 7:23”
(Quarteto SMS: saxofone: Rodrigo Siervo; piano: Alexandre Fritzen da Rocha; contrabaixo: Gabriel Nunes; bateria: Lucas Kinoshita)

Alexandre Fritzen da Rocha
“Londrina”
(Quarteto SMS: saxofone: Rodrigo Siervo; piano: Alexandre Fritzen da Rocha; contrabaixo: Gabriel Nunes; bateria: Lucas Kinoshita)

Marcelo Armani
“Composição Instantânea para Percussão Despreparada”
(vídeo, Percussão, materiais e superfícies amplificadas: Carina Levitan e Marcelo Armani)





Concerto 4 – Ensemble Ars Contemporanea (28 de junho de 2011) 20h


Geraldo Bueno Fischer
“Central”
(violões: Fernando Fleck e Geraldo Fischer)

Lauro Pecktor
“A Cerejeira da Ama-de-Leite”
(flauta transversal: Rodrigo de Azevedo Carraro, violoncelo: Lucas Duarte, piano: Maria Amélia Benincá)

Alexandre Fritzen da Rocha
“Trio II – Porto Alegre 18h”
(flauta transversal: Rodrigo de Azevedo Carraro; violino: Grace Nardes; piano: Maria Benincá)

Geraldo Bueno Fischer
“Onde?”
(voz: Deise Coccaro; flauta: Rodrigo de Azevedo Carraro; violino: Grace Nardes; violoncelo: Barbara Johanna Ziel; violão: Fernando Fleck; piano: Maria Benincá; regência: Lucas Alves)

Germán Gras
“El Encantador de Elefantes”
(narrador: Deise Coccaro; flauta: Rodrigo de Azevedo Carraro; violino: Grace Nardes; violoncelo: Barbara Johanna Ziel; violão: Fernando Fleck; piano: Maria Benincá; regência: Lucas Alves)


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INTERVENÇÕES:


>Intervenções 1 (05 de junho de 2011) 17h15min e 17h45min
Duo HoffParú, Cuca Medina e >>FF
“Diálogos Convergentes”
(violões: Nativo Hoffmann Filho, Nanã Parú; voz e computador: Cuca Medina; escaleta: Alexandre Fritzen da Rocha; baixo elétrico: Felipe Faraco)


>Intervenção 2 (12 de junho de 2011) 17h15min e 17h45min
Grupo de Música Corporal da Escola Técnica Estadual Parobé
“Diversões sonoras” (improvisação coletiva)


>Intervenção 3 (19 de junho de 2011) 17h45min
Marcelo Armani
“Instante Co-Habitável” (áudio/visual)


>Intervenção 4 (26 de junho de 2011) 17h15min e 17h45min
Camerata Brasileira
“Fukushima Lab”
(saxofone: Rodrigo Siervo; violão: Moysés Lopes; contrabaixo: Gabriel Nunes; piano: Alexandre Fritzen da Rocha)


TODOS OS EVENTOS TERÃO ENTRADA FRANCA

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Música de PoA 2011!

Prezados compositores e intérpretes

Neste ano o Música de PoA completará cinco anos.
Pretendemos mudar o formato dos concertos nesta edição e este ano faremos duas temporadas do evento, a primeira em junho e a segunda em dezembro de 2011.
Os concertos da primeira temporada ocorrerão na Sala Luís Cosme da Casa de Cultura Mário Quintana sempre às terças-feiras de junho (dias 7, 14, 21 e 28), às 20h. Também haverá intervenções urbanas aos domingos (5, 12, 19 e 26), sempre a partir das 18h30min.

Estamos abrindo a chamada de peças para a primeira temporada.
Serão oferecidas vagas para apresentação de peças nos concertos dos dias 7, 14 e 21, e também estamos aceitando propostas para as intervenções urbanas.
O encerramento das inscrições está prevista para as 22h do dia 09 de maio.
Os critérios para a seleção das peças no Música de PoA 2011 serão os mesmos das outras edições: o compositor ter intérprete próprio; residir, ter residido ou ter nascido na cidade de Porto Alegre; a peça não ultrapassar 15min de duração (com exceção às intervenções urbanas que poderão ter até 45min), e a ordem de inscrição das composições. Damos preferência aos compositores que estarão presentes no evento, assim como aos compositores que participaram de eventos anteriores do Música de POA. Não há a necessidade de a peça ser inédita.

Aguardamos sua participação e ficamos a disposição para esclarecimentos pelos e-mails musicadepoa@gmail.com, fritzendarocha@gmail.com, ou pelo telefone (51) 9694 6068 (falar com Alexandre).



Forte abraço a todos!
Alexandre Fritzen da Rocha
(membro da comissão organizadora do Música de POA 2011)
http://musicadepoa.blogspot.com/
www.myspace.com/musicadepoa

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Comentário sobre o concerto do dia 23 de dezembro de 2011

Faço aqui um breve comentário do 2º concerto do Música de POA, esse que aconteceu no dia 23/12/2010 lá no Auditório do IA. Como participante do público assíduo a esses e outros concertos de música contemporânea em Porto Alegre, volta e meia me surpreendo com a qualidade a que podem chegar esses eventos, levando-se em consideração que são produzidos quase que de sopetão e juntando as obras capazes de serem montadas (compostas, ensaiadas, revisadas) em poucas semanas. Essa última edição do Música de POA, particularmente, nos veio da forma mais inesperada, quando já ninguém esperava muita coisa do caduco ano de 2010. Vejam (mais abaixo neste blog) que a chamada de obras data do dia 26 de novembro, e creio que não sou o único a se desesperar para conseguir montar alguma peça a tempo. Ainda mais nessa época do ano, com concertos de Natal borbulhando em cada igreja, parque, hospital ou esquina da cidade: com tantos cachês extras, são poucos os que querem tocar de graça uma peça que vai lhes dar horas de estudo e ensaios.
Mas então: como pode ser que o concerto do dia 19 tenha saído tão bem? Em primeiro lugar, temos que fazer jus à sensibilidade da produção na organização do repertório e ao empenho dos intérpretes e compositores envolvidos. Depois, temos que lembrar como foi desastroso o ano de 2010 para a nossa música: não somente minguaram os concertos de música contemporânea (e olha que muitos em 2009 pensavam, junto com o Tiririca: “pior que tá não fica”), mas mesmo instituições consagradas e eternas e esplendorosas como a OSPA apresentaram programações geralmente insípidas, acreditando que para renovar ou refazer seu público o segredo seria apelar para The very Best of Hollywood.
Mas creio que há ainda um outro fator a ser considerado, o qual tem papel fundamental na continuidade do Música de POA ao longo desses anos: trata-se do poder da iniciativa conjunta, do núcleo de artistas formando uma comunidade na qual seus interesses musicais estão simplesmente em primeiro lugar. É isso que confere vida ao ciclo de concertos, jogando ar puro sobre os dogmas da “música clássica”, e nos lembrando que afinal de conta nós fazemos o que fazemos porque gostamos disso, porque é divertido experimentar em conjunto, saber das criações dos outros e conhecer as caras novas que estão surgindo. Acho que é desse ambiente que surgem revelações tão impressionantes como a dupla de violões Nanã Parú-Nativo Hoffmann, que já ultrapassou longe a barreira do vamos-tocar-os-ritmos-e-as-notas, tão comum nas apresentações de música contemporânea, para criarem suas próprias performances, e assim reafirmar o sentido da função do intérprete. Quem lhes agradece por isso é o público em geral, mas principalmente os próprios compositores.

Bruno Milheira Angelo
(compositor)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Impressões sobre o concerto I do Música de PoA 2010

No concerto do dia 10 de Dezembro de 2010, ocorrido na Sala Luis Cosme da Casa de Cultura Mário Quintana, o público foi saudado com música para solos e duos. Foi o primeiro concerto da temporada 2010.
Não apenas uma grande variedade sonora, mas distintas expressões artísticas significativas de nossa cidade. O concerto apresentou unidade entre início e final do concerto, com performances de improviso / diálogos musicais em duos. Duas frentes principais delinearam o tipo de ação musical: o improviso e a ação espontânea, de um lado, e as composições, com suas ações planejadas antecipadamente (pelo menos estruturalmente). Por outro lado, apesar de contarmos com uma instrumentação relativamente pequena (a maior parte das peças contava ou com o piano ou o violão, exceto o improviso de abertura, com o baixo elétrico) a criatividade e as diferenças que caracterizam cada compositor e cada intérprete foram cruciais na geração de uma grande variedade de sons, temporalidades, experimentos e imagens.

A primeira música foi o Improviso Livre de Felipe Faraco (baixo elétrico) e Alexandre Fritzen da Rocha (piano). Nesta, tivemos o encontro de dois músicos com personalidades artísticas distintas. Faraco é compositor e baixista, roqueiro autêntico e figura transgressora no território da música de concerto. Fritzen é compositor, tecladista versátil e performático, pianista e organista que transita entre a música popular e erudita, além de pisar fundo, rodando em busca de espaços para que a música contemporânea de concerto aconteça, por aqui...

A segunda peça, Contemplações I, do compositor baiano (residente em Porto Alegre) Sérgio Lemos, foi executada pelo próprio compositor. O estado de contemplação não veio apenas pelo movimento lento, predominante na composição, mas por uma série de "arquétipos harmônicos", vívidos na memória, evidenciando sétimas maiores e resoluções singelas em figurações de curta duração. As memórias ativadas, enquanto ouvinte, me levaram até Satie, Cage e Koellreutter. A informação no decorrer do tempo, não deixou a preciosa contemplação ser fugídia, valendo-se da leveza, do tempo dilatado e da repetição renovada com delicadeza.

A terceira peça, So wie 'An', de Lauro Pecktor, foi interpretada pela pianista Maria Benincá. Trouxe uma quebra, num caráter expressivo oposto à contemplação. A peça foi inspirada em An, de Stefano Gervasoni (para flauta contralto, clarinete e trio de cordas, estreada em 1990). Como An, a peça apresenta quebras abruptas na densidade e, por outro lado mantém um sentido de tensão constante, de alguma forma. Fragmentos rítmicos fugazes e perturbados, entremeados por pausas, evocaram um sentimento de algo oculto, ora por formações cordais intrincadas, ora por uma só altura permanente por mais tempo, ao final de alguns fragmentos - o que deixou um sentimento de dúvida... Nesta peça, a incerteza molda o percurso, que se converte em ansiedade em andamento, pela constante quebra na linearidade.

A quarta peça foi Momento I de Alexandre Fritzen da Rocha, interpretada pelo compositor ao piano. Fluída, com movimento lento em que um gesto encaixa no outro utiliza a linearidade nas transições e belas transformações harmônicas. A beleza, aqui, não é colocada como um atributo de superioridade, mas como uma condição confortável, relativa a serenidade com uma pequena ânsia pelo futuro. As sugestões de harmonia quartal e triádica são elaboradas de forma orgânica. A espera, frequentemente me conduziu a um sentimento do sublime, num ponto onde articulações, timbres e coleções de alturas se fundem. Além do timbre tradicional, o compositor utilizou de uma folha de papel sobre as cordas do piano, num curto momento, tal como um comentário. Melancolia e dramaticidade velada também fazem desta obra, um momento de cuidado e reflexão na expressão de sentimentos-sons.

A quinta peça foi Nyx de Lauro Pecktor - a qual assisti pela terceira vez – interpretada por Alexandre Fritzen. Com movimento lento e organizações harmônicas ora tranquilas, ora perturbadas, me levou a contemplar os sons e a carga de movimento, gerada pelos batimentos. O ambiente obscuro (Nyx é a deusa da noite, na mitologia grega) aparece num jogo de oposições com amplo uso do registro. Graves e agudos convivem num mesmo percurso, com foco nas diversas complementações claro-escuro com notas de longa duração, num tempo "sem tempo". Em meio a isso, pequenos segmentos líricos que remetem a Chopin. A convivência de registros evoca uma correspondência entre sombra (registro grave) e luz (agudo), numa alusão às imagens noturnas: o céu obscuro e as estrelas brilhantes, imersas no vazio atemporal.

A sexta peça foi a Toccata III, de Fernando Lewis de Mattos, interpretada pela violonista Fernanda Krüger. Foi composta a partir das partes instrumentais da canção A Morte do Leiteiro, a qual tive a oportunidade de ouvir em 2005, com Fernanda e o barítono Demerval Keller. A peça apresenta a alternância e o retorno entre 2 momentos principais, um mais movido e fluído, com figuração circular e reiterada, com rapidez no dedilhado, e o outro contrapontístico e pontuado. A obra traz um pouco da brasilidade de Mattos, que transita com liberdade – e conhecimento de causa – entre o nacional e o universal (cruzamento, aliás, que foi parte do objeto de sua tese de doutorado em Música), a cultura de tradição popular e a música erudita. Num contexto modal, o movimento do primeiro segmento introduz força e progressividade, o que é contraposto ao segmento mais pontuado, interrompido e pesado, do segundo momento.

A última música, fechando a "forma em arco acidentado" do espetáculo, foi o Improviso Livre do duo de violões HoffParú (Nativo Hoffmann e Nanã Parú Quintela Pombo). A música dos dois foi algo extremo. Lembro-me de conversar com Nanã, ao final do concerto sobre o risco - algo tão cobiçado em Performance Art e que vem sendo explorado por artistas de diversas áreas em nossa cidade - e este me falou até de um suposto novo gênero de música, chamado danger music. A partir daí pensei: "o HoffParú faz Danger Music". Ao violão, empunharam ferramentas diversas, baquetas, potes de vidro, espiral de batedeira e muitos giros das cravelhas, provocando mudanças extremas na afinação. Num destes momentos (de re-afinação), achei que a corda mi fosse estourar. Mas os rapazes sabem a medida certa da força. O violão teve muitas transfigurações como instrumento, adquiriu atributos que não possui, no uso tradicional. E tudo isso através da paixão dos músicos pela arte sonora e pelo improviso livre, o que fica evidente na sintonia que os une e os leva a enfrentar o risco, juntos.

Fazendo um balanço do concerto, que teve desde a contemplação musical até a pesquisa sonora "de risco", posso dizer que foi uma noite diversa e rica em sonoridades e expressão. Gostaria de ver mais pessoas interessadas pela música como prática artística, descobrindo corajosamente suas possibilidades expressivas, desde os sons mais humildes até a "danger music". Isso, no entanto, requer iniciativas como esta, deste grupo de jovens compositores e altruístas que apostam na diferença, sem o ranço da memória estereotipada, pretendida como memória cultural "real" por certas mídias. O presente abarca individualidades peculiares. Que nos mantenhamos atentos ao presente e aos frutos dos condicionamentos e certas expectativas, que nos acomodam e nos diminuem.
Vida longa e próspera ao Música de PoA!

Cuca Medina
(compositora)