sexta-feira, 13 de junho de 2008

MÚSICA DE POA - APRESENTAÇÂO

No segundo semestre de 2007 surgia o projeto MÚSICA DE POA, concebido por um grupo de jovens músicos porto-alegrenses e produzido pelos compositores Abel Roland e Bruno Ângelo.
Nos últimos 20 anos, houve várias iniciativas nesse sentido, buscando a divulgação da música contemporânea e sua aproximação com o público. O mais importante desses projetos foi Encontro de Compositores de Porto Alegre (ENCOMPOR), idealizado por o Bruno Kiefer e foi inaugurado em 1988, como uma homenagem póstuma ao compositor. Outras iniciativas importantes, nesse sentido, são o Projeto Bruno Kiefer, que perdurou durante alguns anos, na década de 1990, e o Contemporâneo-RS, um projeto realizado pelo esforço individual do compositor Januibe Tejera, que está em sua quinta edição e ganha força a cada ano, com participação de grandes instituições do estado, como a ULBRA, a OSPA e o Theatro São Pedro.
Esse tipo de projeto sempre teve grande receptividade pelo público porto-alegrense. Geralmente, as salas estão lotadas, como ocorreu nos dois concertos do MÚSICA DE POA de 2007, em que a Sala Luiz Cosme da Casa de Cultura Mario Quintana não foi suficiente para comportar o público presente, com ouvintes que ficaram em pé para apreciar a nova música erudita produzida na cidade.
O problema que freqüentemente encontra esse tipo de projeto é o conformismo e a falta de ousadia de administradores culturais, os quais partem de falsos pressupostos, ao crer que iniciativas como essas não teriam público. Uma das inúmeras provas em contrário, em nossa cidade, são os concertos da Orquestra de Câmara Theatro São Pedro com estréia de música contemporânea, os quais chamam numeroso público ao teatro. No mundo inteiro, a música contemporânea tem cada vez maior quantidade de adeptos, entre músicos, produtores culturais e, principalmente, pela receptividade do público.
O interessante, neste tipo de iniciativa, é a interação entre compositor, intérprete e público. Todos se beneficiam, pois os compositores têm suas obras mais recentes divulgadas, os intérpretes estão em contato constante com novos meios técnicos e expressivos e os ouvintes têm acesso à diversidade da música atual, aos diferentes estilos e linguagens recentemente descobertas pelos artistas das novas gerações.
Em virtude de todos esses fatores, uma iniciativa com MÚSICA DE POA deve ser amplamente apoiada pela comunidade musical e divulgada pelos meios de comunicação para alcançar seu maior êxito: a permanência da pesquisa musical em diferentes níveis e seu compartilhamento social através de apresentações públicas. A pesquisa de novos meios e seu compartilhamento social estão na origem da necessidade humana de comunicação e é um dos mais importantes fatores que contribuem para a formação cultural de uma comunidade. Uma cidade do porte de Porto Alegre não poderia ficar fora disso.


Texto escrito por Fernando Lewis de Mattos, professor do curso de Música da UFRGS e compositor convidado nas duas edições do MPOA (Ano I e Ano II)

MÚSICA DE POA – ANO II

Quando analisamos o estado em que a música de concerto Porto-Alegrense se encontra, neste final de década em pleno século XXI, nos deparamos com uma situação aquém do esperado para uma cidade que teve tantos filhos musicais, naturais ou "adotivos", pródigos ou não com ela. A cidade de Ênio de Freitas, Araújo Vianna, Radamés Gnatalli, Armando Albuquerque, Luiz Cosme e Bruno Kiefer lembra de seu passado, majoritariamente, apenas com homenagens nas portas de alguns teatros, enquanto estes músicos provavelmente prefeririam ser lembrados dentro dos respectivos teatros, com suas músicas.
Ao refletirmos sobre isso pensamos com certo pesar do que será das gerações vindouras, se terão a chance de conhecer ou não esta fatia da cultura deixada às margens da população. Muitas vezes quando nos deparamos com esta situação esquecemos de pensar que ela está sendo cada vez mais agravada por outra coisa: os compositores que ainda vivem ou atuam na cidade e não são conhecidos.
Desta maneira, o Música de POA foi idealizado para tentar fazer com que não se perca esta oportunidade, de mostrar ao público o que está sendo escrito pelas pessoas que atuam nos dias de hoje na nossa cidade.
O Música de POA é um evento sem fins lucrativos, criado com o objetivo de divulgar a música de concerto escrita e interpretada por músicos atuantes em Porto Alegre. Após uma aceitação positiva de público nas duas apresentações da primeira edição, o evento chega à sua segunda edição com o intuito de ampliar os horizontes estéticos da música atual. Para isso, serão realizadas cinco apresentações durante o ano, com freqüência bimestral. As quatro primeiras apresentações serão temáticas, abordando desde formações musicais convencionais (música de câmara, música para voz, música solo, etc) até estilos pouco conhecidos ou trabalhados ainda hoje (música performática, música e imagem, etc). A quinta e última apresentação será um evento que unirá todas as apresentações temáticas, em uma noite.
O projeto vem contribuir para a vida cultural da cidade de Porto Alegre, em dois aspectos principais: a apresentação de músicas de compositores vivos que trabalham em Porto Alegre; e a encomenda de peças para serem estreadas nestes concertos. Para que todo este projeto funcione de maneira que compositores, intérpretes e público saiam satisfeitos com os resultados obtidos, foi criada uma equipe de cinco músicos para a organização e direção do evento.
Os músicos que compõem a direção/organização do evento são: Abel Roland, Alexandre Fritzen da Rocha, Felipe Faraco, Jakson Kreuz e Marcelo Villena.